Por que sou tão burro em matemática?


Prof_Patrik 4 months ago (edited)
17 views

Normalmente não se trata de burrice, mas sim de alguma deficiência em assuntos mais simples. Sem o domínio desses assuntos mais simples fica praticamente impossível avançar.

Nesse aspecto, matemática é semelhante a construir uma casa:

  • não adianta tentar construir o telhado sem antes ter construído a estrutura;
  • não adianta tentar construir a estrutura sem antes ter construído a fundação;
  • … etc …

No entanto, o motivo dessa deficiência em assuntos mais simples varia significativamente de pessoa pra pessoa. Alguns possíveis motivos são:

  • Decorar as fórmulas invés de aprender o assunto
  • Assistir passivamente as aulas mas raramente fazer os exercícios
  • Lacuna escolar
  • Excesso de distrações durante os estudos
  • Falta de interesse e falta de perspectiva

Aprender não é Decorar

Procure entender os conceitos ao invés de apenas decorá-los. Aquilo que você decora vai pra memória de curto prazo e logo depois é descartado. Já aquilo que você entende vai pra memória de longo prazo, e poderá ser usado em outras ocasiões.

O problema de aprender invés de decorar é que, pra quem não está acostumado a estudar dessa forma, exigirá mais esforço e dedicação até se acostumar com o novo ritmo. Pra quem não gosta do assunto ou está sobrecarregado com outras atividades (ex: família e trabalho), isto realmente pode ser inviável. Nesse caso, um recurso paliativo é se planejar com antecedência e encontrar o próprio ritmo de estudo.

“Educação é aquilo que fica depois que você esquece o que a escola ensinou”
Albert Einstein

Muita Teoria mas Poucos Exercícios

Imagine os seguintes casos:

  • Um jogador de futebol que lê e assiste tudo sobre futebol, mas nunca vai no campo treinar com bola.
  • Um lutador de boxe que lê e assiste tudo sobre boxe, mas nunca vai na academia treinar.
  • Um guitarrista que acompanha tudo sobre música, mas nunca pega a guitarra pra tocar.

Em todos esses casos uma coisa é certa: enquanto ficarem só na teoria, nunca serão bons na prática.

Com matemática é muito semelhante. Não adianta achar que só assistir aulas, ler a teoria e fazer resumos será o suficiente. Adicionalmente, também é preciso se esforçar em fazer as listas de exercícios e esclarecer as dúvidas que forem surgindo. Ao fazer exercícios é quando irá aparecer as dúvidas. Se deixar pra fazer exercícios só na hora da prova não vai dar certo.

Existe o caso mais extremo que são aqueles alunos que assistem com assiduidade todas as aulas. Mas assistem muito passivamente, que nem quem liga a TV em busca de uma comédia pra relaxar e desligar o cérebro. Idem, não vai funcionar. Enquanto mantiverem essa postura, dificilmente irão avançar. O mais adequado nas aulas de matemática é ficar bem atento nas explicações e as dúvidas que permanecerem mesmo após a aulas (certamente irão surgir) devem ser resolvidas rapidamente estudando por fora. Obviamente, estudar por fora significa além da teoria fazer exercícios também.

Lacuna Escolar

Em alguns casos de mudança de colégio ou descontinuidade significativa no ritmo escolar, podem ocorrer algumas lacunas no currículo didático. Nesses casos, não tenha receio em voltar no conteúdo e revisar assuntos mais antigos. Na medida que as dúvidas forem sendo resolvidas, avance gradativamente no conteúdo.

Excesso de Distrações durante os Estudos

Quando for estudar, procure escolher um ambiente e um horário que lhe permita manter o foco e a atenção. Distrações em excesso (tais como redes sociais, conversas em paralelo, televisão, barulho externo …) reduzem significativamente a eficiência do estudo.

Por outro lado, se qualquer coisa for motivo de distração (por menor que seja), eventualmente chegou a hora de fazer uma pausa. Tire uns dias pra relaxar, mas estabeleça uma meta pra voltar com tudo pros estudos. É melhor estudar poucas horas mas em plena atenção, do que estudar por vários dias sem nenhuma atenção.

Falta de Interesse

Não é todo mundo que curte matemática. Aliás, a grande maioria detesta. Mas aqueles que têm prazer em estudar matemática, conseguem avançar muito mais rápido que os demais:

“Quando você está fazendo algo com prazer, você não percebe que o tempo passa. Às vezes, estou tão entretido no meu trabalho que me esqueço do almoço.”
Albert Einstein

Não é à toa que existem diversos casos de crianças prodígios em matemática. Desde muito cedo descobriram o prazer pela matemática, o que lhes fizeram avançar muito mais rápido que as demais. Alguns exemplos mais notórios são:

  • Blaise Pascal (1623–1662): Influente matemático francês. Aos 9 anos já escrevia artigos científicos.
  • Leonhard Euler (1707-1783): Prolífico matemático suíço. Contribuiu em várias áreas da matemática. Aos 5 anos já estava alfabetizado e aos 6 começou a estudar matemática.
  • Carl Friedrich Gauss (1777-1855): Um dos maiores matemáticos de todos os tempos. Aos 3 anos já fazia várias contas complicadas de cabeça.
  • John von Neumann (1903–1957): Fez diversas contribuições na matemática e na ciência da computação. Aos 6 anos era conhecido como “calculadora mental”.

Por outro lado, boa parte dos estudantes perdem o interesse em matemática muito cedo devido a alguma experiência negativa. A partir daí ficam estagnados e não avançam mais. Nesses casos, é preciso refletir sobre esses traumas e tentar superá-los:

  • Se houve atrito com o professor, então troque de professor.
  • Se a didática do livro não agrada, então troque de livro.
  • … etc …

Falta de Perspectiva Profissional

Sem dúvida essa é uma das maiores reclamações dos estudantes:
Porque passar tanto tempo estudando algo que não tem nenhuma utilidade na área que quero trabalhar?

Aqui os estudantes estão mais certos do que errados. Não faz sentido tantos jovens serem forçado a passar pelo o atual currículo de matemática do ensino médio. Alguns assuntos são muito específicos da carreira de exatas (ex: determinantes e números complexos). Enquanto que outros, apesar de importantes no cotidiano (ex: decimais e porcentagem), ficam tão espremidos que boa parte dos alunos terminam o colégio sem entende-los.

Diante desse evidente problema, como seguir adiante? Se o estudante quer o diploma de ensino médio, então não há muita alternativa: vai ter que reunir forças e estudar esses assuntos de matemática. Mas, se o ensino médio não for uma prioridade, existem algumas personalidades que se destacaram apenas com o ensino fundamental que podem servir de referência:

  • Lula: completou apenas o ensino fundamental.
  • Ronaldo Fenômeno e Ronaldinho Gaúcho: completaram apenas o ensino fundamental.
  • Anderson Silva (UFC): ensino médio incompleto.

Por outro lado, o que os estudantes têm dificuldade em perceber é que estudar matemática no colégio não deveria ser apenas devido às exigências do mercado de trabalho. Mas deveria ser também para desenvolver as habilidades de pensamento crítico e lógico. Habilidades que se bem empregadas, são importantes em um amplo espectro de momentos de nossas vidas e não somente no mercado de trabalho.

Comments • 0